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Pets e condomínio


Donos de pets fazem “cachorraço” no Guará

No Guará, uma discussão divide os moradores de um condomínio. Uma parte é contra o uso de uma área pública gramada, na frente do prédio, para que os animais passeiem e façam suas necessidades. A outra é favorável e, inclusive, pagou para que o espaço fosse arborizado e arrumado do jeito que está hoje. Por envolver pets, que muitas vezes são tratados como filhos, o assunto promete ser motivo de polêmica por muito tempo.

O embate se intensificou após os moradores contrários à situação ganharem uma votação apertada – com apenas dez votos de diferença. O pleito ocorreu na última semana, e desde então vem mobilizando moradores de vários condomínios próximos (na Área Especial 4 do Guará II), que também utilizam o local. O JBr. visitou o residencial Isla Life Style e viu a organização de um “cachorraço” para reclamar da situação.

Moradores deste e de outros condomínios desceram dos apartamentos para, mais uma vez, levar os pets para passear e proporcionar um momento de confraternização. Para a bancária Flávia Rosa, 33, a decisão foi intolerante, já que no local não existe outro espaço para os cães fazerem suas necessidades ou até mesmo passear.

Flávia explica que, de início, a síndica procurou os donos de animais para falar que estava ouvindo reclamações sobre o espaço e que seria preciso chegar a uma solução que fosse boa para todos os lados. E na última reunião condominial, a discussão era sobre a extinção ou não da área verde.

“Para a extinção, foi decidido que haveria o cercamento total do espaço e até o uso de veneno para afastar os animais”, diz a bancária, que fica preocupada justamente com a utilização de qualquer substância que possa fazer mal À cadelinha Meg.

Flávia e sua mãe, Rosa Mendes, 65, são bem conhecidas no Isla Life Center justamente pelo carinho que tratam os animais, mesmo com os que não são delas. O amor é tanto que, em períodos de férias, Rosa Mendes é a responsável por cuidar dos pets de quem precisa viajar. A idosa também considerou a decisão da reunião intolerante.

“São 34 itens de lazer no condomínio, apenas um é para os pets. Qual o problema disso?”, reclama a designer de interiores Cláudia Tuller, 41 anos, que alega ter se mudado para o local justamente pelo tratamento dado aos animais.

Não foi todo mundo que ficou chateado com a decisão de manter os animais fora do espaço na porta do condomínio. A gerente de projetos Valéria Paiva, 45, foi uma dos que votaram com a maioria. Ela avalia a situação como um problema de saúde pública.

“Tem dia que é insuportável o mau cheiro nas portas. Fica ruim até para as visitas”, argumenta.


“Odor chega aos andares mais baixos”

Do lado dos que aprovam o cercamento, Valéria Paiva lembra que há relatos de moradores dos primeiros andares que se sentem incomodados com o odor que exala do espaço, pois nem todos os donos limpam a sujeira deixada pelos animais. A mulher considera que a área ficou insalubre e que não tem coragem de utilizá-la para se sentar ou deixar seu filho brincar.

No meio do fogo cruzado, a síndica do condomínio foi atingida. Para muitos moradores, ela não permitiu que ocorresse uma discussão profunda sobre o assunto. Kátia Guimarães, há dois anos responsável pelo conjunto de prédios com 586 apartamentos, diz que não fez nada sozinha e que a decisão foi tomada durante uma assembleia. Por isso será mantida, apesar da polêmica.


Escolha da maioria

De acordo com a síndica, a votação foi democrática e, da mesma forma que muitos respeitaram quando foi decidido que a área fosse reservada aos pets, agora deve ser cumprida a vontade daqueles que pediram a extinção do espaço. A respeito da colocação de veneno na região, ela garante que isso não ocorrerá.

“Ninguém vai colocar veneno. Vamos providenciar um adubo com cheiro forte para incomodar os cães que por ventura quiserem andar pelo local. Algo que não faça mal”, assegura a síndica.

Kátia Guimarães complementa que um jardineiro vai visitar o espaço para iniciar a desinfecção e planejar um projeto de jardinagem. Mesmo assim, moradores insatisfeitos prometem manter a mobilização e continuar com os “cachorraços”.


Versão oficial

Por meio de nota, a Administração do Guará informou que, após visita ao local, não identificou nenhuma irregularidade no cercamento da área por se tratar de um espaço verde, que possui um cercado baixo, permitindo a livre circulação de pedestres. A Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis) acrescentou que cercas baixas, como a usada para preservação do jardim, não caracterizam privatização de espaço público.

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